sábado, 21 de maio de 2011

Se é assim não tem conversa...(musicosociologia 14)

E aê meus caros colegas? Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Então, como prometido, trago o post regional. A partir de agora, (e não sei ate quando, rs) irei trabalhar com músicas que refletem a regionalidade de nosso território nacional. E pra começar, obviamente, serei tendencioso para minha, digo, nossa região. A do sol, do sal mas, acima de tudo, da força de vontade de quem vive fortemente a vida, e acaba por conhecer o que é a afetividade sem deixar de ser "cabra macho".
Sem mais delongas...




Caboclo Sonhador
Composição : Maciel Melo


Sou um caboclo sonhador
Meu senhor, viu?
Nao queira mudar meu verso
Se e assim nao tem conversa
Meu regresso para o brejo
Diminui a minha reza

Coração tão sertanejo
Vejam como anda plangente o meu olhar
Mergulhado nos becos do meu passado
Perdido na imensidão desse lugar
Ao lembrar-me das bravuras de nenem
Perguntar-me a todo instante por Bahia
Neca e Quinha, como vão? tá tudo Bem?
Meu canto á tanto quanto canta o sabiá

Sou devoto de Padre Ciço Romão
Sou tiete do nosso Rei do Cangaço
E meu regaço cuminado em pensamento
Em meu rebento sedento eu quero chegar

Deixe que eu cante cantigas de ninar
Abram alas para o novo cantador
Deixem meu verso passar na avenida
Um forro fiado tão da bexiga de bom


  De inicio, algo que acredito ser interessante, seria o inicio da música onde o autor fala: "Não queira mudar meu verso", ou seja, encontra-se ai uma forma de resistência, tudo bem ate ai, entretanto, o que chama atenção é: a quem ele está mostrando essa resistência? Existem questões referentes à época que se escreveu, ou simplesmente à resistência que o nordestino enfrenta todo dia, em relação à etnocentrismos ou xenófobos, algo a se pensar.
  Ainda encontramos, também, os traços de um vocabulario bem peculiar, onde se expressão grandezas através de diminutivos: "neca e quinha, como vão? Ta tudo bem?" Ou seja, quanto mais familiar mais as formas de denominação diminuem. (Pode-se ate dizer que facilita, pra não correr o perigo de esquecer o nome do cidadão.)
E em meio a isso tudo, ainda existe a devoção, tanto espiritual, quanto revolucionária a qual o sertanejo faz questão de declarar: "Sou devoto de Padre Ciço Romão Sou tiete do nosso Rei do Cangaço". 
  E pra finalizar, da maneira nordestina, se exclama o "abre alas": Deixe que eu cante cantigas de ninar. Abram alas para o novo cantador, Deixem meu verso passar na avenida Um forro fiado tão da bexiga de bom". É nesse ponto onde enxergo parte da problemática que citei no inicio pois, se o autor exclama logo de inicio que não se deve querer mudar seu verso, sinal de que alguma ameça ocorre, o que o faz por fim, exigir que seu verso também passe na "Avenida" - sinônimo dos grandes carnavais, os quais sempre foram para a elite...- Por isso é que levantei a a questão de etnocentrismo, o que requer ainda muito dialogo e reflexão.

Entretanto, foi isso! Para inicio de conversa.
No mais... Inté quando dé!

2 comentários:

  1. Musica de letra forte, mostrando bem esse lado Nordestindo.
    Gosto muito do trecho "Sou um caboclo sonhador
    Meu senhor, viu?
    Nao queira mudar meu verso"

    Estar de parabéns em explorar esse lado das músicas regionais.

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  2. Boa retomada das postagem musicais com Caboclo Sonhador.Música bem antiga ( me lembro dela quando eu ainda era criança. Obs: não que eu seja velha ,rsrsr). Ela retrata e muito na região nordeste que por muitos é destruida, mas somos fortes de temos força e coragem.

    Ah, daqui sai muita gente boa...

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