quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pós- modernismos à parte... (Musicosociologia 4)

   Olá, olá, olá caros amigos... Pessoas, sujeitos, indivíduos, atores ou como preferirem... Tudo Bem com vocês? Espero que sim!



      Então! Venho aqui agora (terminar o serviço) trazer para discussão o post da musicosociologia que prometi outrora. A música que tratarei ( é um peixe) é de autoria do Belchior, como tinha dito antes e o titulo da mesma é: Balada de Madame Frigidaire, esta trata de questões como o Consumismo e, em certa medida, sobre a Globalização.
Eis a dita cuja!:


                                                         



Balada de Madame Frigidaire

Belchior

Composição: Belchior

Ando pós-modernamente apaixonado pela nova geladeira.
Primeira escrava branca que comprei, veio e fez a revolução.
Esse eterno feminino do conforto industrial injetou-se em minha veia, dei bandeira!
e ao por fé nessa deusa gorda da tecnologia gelei de pura emoção!
Ora! desde muito adolescente me arrepio ante empregada debutante.
Uma elétrica doméstica então... Que sex-appeal! Dá-me o frio na barriga!
Essa deusa da fertilidade, ready made a la Duchamp, já passou de minha amante
Virou super-star, a mulher ideal, mais que mãe, mais que a outra... Puta amiga!
Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope se cansaram de dizer:
Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, Família pra quem já tem frigidaire?
É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher.
Eu me confundo, madame! E a classe média que mame se o céu, a prazo, se der!
Que brancorno abre e fecha sensual dessa Nossa Senhora Ascéptica!
Com ela eu saio e traio a televisão, rainha minha e de vocês.
Dona frigidaire me come... But no kids double income! Filho compromete a estética!
Como Edipo-Rei momo, como e tomo tudo dela... Deleites da frigidez!
Inventores de Madame Frigidaire, peço bis! Muito obrigado!
Afinal, na geladeira, bem ou mal, pôs-se o futuro do país.
E um futuro de terceira, posto assim na geladeira, nunca vai ficar passado.
Queira Deus que no fim da orgia, já de cabecinha fria, eu leve um doce gelado!
Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope, se cansaram de dizer:
- Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, e Família pra quem já tem frigidaire?
É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher...
Mas que trocadilho infame! La vraie Ballade des Dames du Temps Jadis... au contraire!

     Eu, particularmente, acho o Belchior um cara categórico nos seus escritos, pois é um dos poucos que sabem e além, conseguem realmente relacionar sua poesia musicada às relações cotidianas, exemplo disso é esta música acima. Compartilho desse pensamento por diversos motivos entretanto, uma que acho pertinente ressaltar é o de que, suas músicas exprimem uma realidade nua e crua e, principalmente, dolorida (ou contrangedora) à quem tem medo de descobrir que a verdade não passa de um discurso falacioso... 
      Talvez por isso que ele não seja tão propagado afinal, as pessoas não gostam de pensar (pelo menos é o que percebo no dia a dia) e como é exigido ao ouvinte deste compositor um certo nível de raciocino (e algumas vezes de abstração) mais elevado. Talvez por isso, penso eu, que ele não seja tão acessado. Assim como não se busca educação, por não querer(preguiça), por ter pouco incentivo para que as pessoas sintam a necessidade de se educarem etc. Enfim por N's Motivos.(Afinal, quanto menor o nível de consciencia do povo melhor pra quem governa...)
 Pois bem! 
      De inicio ele, pelo que se percebe, ele utiliza elementos discursivos os quais abordam uma visão, um posicionamento que seria o Pós-modernismo, característica forte da questão temporal, Pós modernismo como intervenção para o novo, o moderno aquele que está dentro das "novas Normas".
        E no caso, esse sentimento de inserção, gerado pelo " amor " à geladeira, nos proporciona pensar que é esse o intuito, se igualar por meio da aquisição dos produtos da moda. Interessante também no Belchior é a forma como ele utiliza das palavras formando um jogo como por exemplo " Primeira escrava branca que comprei, veio e fez a revolução." Essa ligação entre escrava comprada e revolução proporciona uma reflexividade à quem ouve que, pelo menos em mim, dá margem para outros pontos de vista para as colocações diárias ou seja, o emprego de certas palavras. 
     O que eu quero dizer é que, com uma boa música, a qual, lhe proporcione esse vislumbre, agem também como que uma leitura age com o leitor, enriquecendo sua escrita e fala.
    "Esse eterno feminino do conforto industrial injetou-se em minha veia, dei bandeira!", com essa colocação percebemos que ele afirma que foi [ou seria, no caso do personagem criado pra música] "Fisgado" pelo calor do consumo. "E ao por fé nessa deusa gorda da tecnologia gelei de pura emoção!" e termina expressando que aplica uma relativa fé ao produto, como se ela fosso o elevar...
     "Ora! desde muito adolescente me arrepio ante empregada debutante. Uma elétrica doméstica então... Que sex-appeal! Dá-me o frio na barriga! Essa deusa da fertilidade, ready made a la Duchamp, já passou de minha amante Virou super-star, a mulher ideal, mais que mãe, mais que a outra... Puta amiga!" Esse trecho é praticamente auto explicativo, pois ele compara os delírios juvenis referentes ao desejo carnal (as sacanagens dos adolescentes) ao desejo pela geladeira, e mais! ela [a geladeira] é elevada ao papel das "mulheres" importantes [figura materna, sexual etc.] 
       "Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope se cansaram de dizer: Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, Família pra quem já tem frigidaire?" Ou seja, substituição das instituições pelo bem material [individualismo e Poder simbólico] gerados pelo fetiche do consumo. e aqui ele faz a crítica "Eu me confundo, madame! E a classe média que mame se o céu, a prazo, se der!." a facilidade de se comprar, não pelo igualitarismo, para que todos tenham, e sim para que todos possam se endividar, digamos assim, e assim fazer o mercado girar.  


      Bom pessoas... por hora lhe deixo isso para reflexão, espero que gostem ou se não gostarem espero que comentam por que não gostaram, e se gostaram comentem também! rsrs

 No mais... é isso
Abraço  tod@s e inté quando dé!

8 comentários:

  1. Esse cara é um verdadeiro gênio da "poesia musicada"! Quem não tiver preguiça para pesquisar, terá aulas de história com cada letra escrita por ele.
    Obrigado pelos comentários!
    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom o comentário. Parabéns! É isso aí!

    ResponderExcluir
  3. Há uma parte da letra que está errada. É eu lhe consumo madame e não eu me confundo.

    ResponderExcluir

Deu pra entender? Não? Comenta ai! Se sim! Comenta também!