terça-feira, 23 de novembro de 2010

Que a terra lhe seja leve... (musicosociologia 7)

   




    Olá, olá, olá caros amigos... Pessoas, sujeitos, indivíduos, atores ou como preferirem... Tudo Bem com vocês? Espero que sim!




       Bom!, hoje lhes trago uma obra que, acredito, retrata bem o perfil de um cidadão (senso) comum. E ela, a música, como perceberão, é auto reflexiva. Ou seja, (vai nem precisar ler o que eu vou escrever) só de ouvi-lá... Daqui a pouco vocês comentam e me contam! ok?!
     Então, mãos à obra; Mais uma vez trago aqui uma canção do Belchior dessa vez com co-autoria do Toquinho. Como diz o nome, a música retratará a vida cotidiana na particularidade de um individuo. Vejamos...








Pequeno Perfil de um Cidadão Comum

BelchiorComposição: Belchior / Toquinho




Era um cidadão comum como esses que se vê na rua

Falava de negócios, ria, via show de mulher nua

Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua
Acordava sempre cedo (era um passarinho urbano)
Embarcava no metrô, o nosso metropolitano...
Era um homem de bons modos:
"Com licença; - Foi engano"
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde a sensação
Da missão cumprida
Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis
Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis
Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis
Mas o anjo do Senhor (de quem nos fala o Livro Santo)
Desceu do céu pra uma cerveja, junto dele, no seu canto
E a morte o carregou, feito um pacote, no seu manto

Que a terra lhe seja leve.

  


    E aê? o que acharam?  
     "Era um cidadão comum como esses que se vê na rua", como dito, ele vai dissertando sobre uma vida corriqueira, a vida de um simples trabalhador, que mesmo se tratando de uma situação em particular, nos possibilita o vislumbre mais geral, mais amplo. Não quero com isso dizer que sou generalista, (ou determinista), mas que em se tratando de senso comum, falamos de uma situação, de um estado onde o espírito [Weber] do individuo se encontra arraigado, impregnado com conceitos pré estabelecidos de modo a fechar-se à outras experiências. Porém, fecha-se involuntariamente, pois, o próprio modo do senso, de alienação, trás consigo um mecanismo de manutenção de tal instituição, no caso, a alienação e impede (pelo menos é esse o intuito) de que o individuo não se modifique de maneira evolutiva (digamos). "Falava de negócios, ria, via show de mulher nua." só pra respaldar os escritos acima.
    "Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua". A cada vez mais, o individuo, tratando aqui agora de evolucionismo, se distancia da natureza no sentido de do-relação com a mesma. Ou seja, o homem já não interage com os atributos naturais. Em diversos modos, mais aqui me atentarei a questão da utilização, sutentavel, dos recursos como por exemplo  a utilização do Sol; para iluminar, se orientar, e agora, no contemporâneo, como forma de energia. E a música nos mostra uma outra realidade, a realidade do desinteresse. 
       "Era feito aquela gente honesta, boa e comovida, Que caminha para a morte pensando em vencer na vida. Era feito aquela gente honesta, boa e comovida, Que tem no fim da tarde a sensação, Da missão cumprida" Mais uma vez, ressaltando a posição alienada.
       "Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis, Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis, Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis" E não podia faltar a contribuição da instituição religiosa. Se se fala em perfil de cidadão comum, e a igreja com influente participação nas sociedades, sejam elas quais forem. Gosto, particularmente, da maneira que o autor trata a situação, usando o senhor dos infalíveis, coisas invisíveis, oportuniza o vislumbre da real situação ( detalhe, sou materialista). E em seguida a outra instituição que, ao meu ver, caminha junto à qualquer outra das instituições sociais contemporâneas, mas creio ser a de maior influencia que é a econômica. nessa relação de o dinheiro como resoluto e superador do impossível. 
      E, no final, o inevitável; "o anjo do Senhor (de quem nos fala o Livro Santo). Desceu do céu pra uma cerveja, junto dele, no seu canto. E a morte o carregou, feito um pacote, no seu manto" Dura realidade de fim... "Que a terra lhe seja leve."





Pois bem! pessoas...  Passei só pra compartilhar a reflexão que, me veio derrepente e como nada tinha pra fazer... (fora os trabalhos de fim de semestre) 
Era isso! 
No mais...
Inté quando Dé
   
     

7 comentários:

  1. É... essa música tem uma certa importância na minha vida.

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  2. A alienação é cruel na vida social de uma pessoa. Uma vez alienado fica difícil tirar a venda dos olhos, já que, se for tentar tirar, estará indo contra seus princípios!

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  3. essa música , tem um sentido muito forte , ;x .... :/

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  4. Eu gostaria de saber o que significa a parte que fala caminha pela morte pensando em vencer na vida.

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    Respostas
    1. Fala sobre o fato de entendermos como processo de vida viver pra trabalhar e acumular dinheiro. No fim, usamos todo nosso tempo de vida buscando "vencer" na vida.

      Particularmente, penso que acumular dinheiro não seja vencer. Acho que o Belchior pensava parecido.

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    2. Ele refere-se de forma direta ao processo de alienação que a sociedade capitalista nos impõe. Se nós nos atentarmos veremos que a burguesia tenta nos "inculcar" que se trabalharmos incansavelmente venceremos na vida, assim Belchior retratou de forma clara essa falácia desse sistema.

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  5. Não entendi quando ele fala: Mas o anjo do Senhor...
    O que ele quiz ironizar?

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