Olá olá olá, meus caros colegas leitores. Tudo OK com vocês? espero que sim!
Após um período tenebroso, agora sim, volto (ainda engatinhado) à minha atividade preferida, escutar música e falar sobre ela. Pois bem, serei breve nesse inicio de texto, ate porque a escolhida de hoje é bastante recheada de informações, logo, vou escrever (Pak) um bucado, espero que tenham paciência.
Sem necessidade de apresentação do alquimista da música de hoje, pois ele já é figurinha carimbada desse Blog, vamos direto ao assunto.
Jornal Blues (Canção Leve de Escárnio e Maldizer)
Composição: Belchior
Nesta terra de doutores, magníficos reitores, leva-se a sério a comédia!
A musa-pomba do Espírito Santo - e não o bem comum! - Inspira o bispo e o Governante.
Velhos católicos, políticos jovens, senhoras de idade média,
- sem pecado abaixo do Equador - fazem falta e inveja ao inferno de Dante.
Tão comum e tirar-se daqui qualquer coisa que eu também tiraria o chapéu a vontade.
Aos cidadãos respeitáveis, donos de nossas vidas, pais e patrões do país.
Mas em vez tiro o lenço... Não para enxugar, portuguesmente, a saudade...
Mas pra saudar num Ciao! Quem me expulsa de casa! Dar um “viva,
excelência!” E tapar o nariz!
Não, não quero contar vantagem mas já passei fome com muita elegância.
E uns caras estranhos - ordens superiores! Já invadiram minha casa... Mas com muito respeito!
Diabo de profissão! Ganhar com o suor de meu gosto o bendito pão e o gim das crianças!
Noblesse oblige! Eu talvez seja o cara que você ama odiar, inimigo do peito!
Cá em casa quem morre se torna querido, tido e havido por justo e inocente.
Mas pode ir tirando o cavalo da chuva que eu não vou nessa de morrer só para agradar vocês.
Aluno mal comportado, pela regra da escola,devo ser reprovado...sumariamente
Mas não faz mal. Deixo os louros ao poeta! Lauras e o que me importa! Quero
o meu dinheiro no fim do mês!
Mas que poeta idiota! Canções tão tocantes dão sempre uma nota raramente vulgar!
Atentado à Moral e aos Bons Costumes, lapido diamantes, não falsos brilhantes.
Kitsch elegante que te mente elegantemente! Oh! Abre alas que eu quero passar!
There's no business like soul business! There's no Political solution, meus caros estudantes!
Tá todo mundo comido, lavado, passado, bronzeado... Ora, muito obrigado!
Só eu não venço na vida, não ganho dinheiro, não pego mulheres, não faço sucesso!
O velho blues me diz que, ateu como eu, devo manter os modos e o estilo...Réu confesso!
Eles vão para a glória sem passar pela cama... Ou jesus não me ama ou não
entendo nada do riscado!
Não toques esse disco! Não me beijes, por favor!
Meu professor de filosofia me dizia que eu viveria sempre adolescente
Hoje, qualquer mulher, assim que me abandona, já me tem por durão, mesmo sabendo que mente.
Desculpem! Infelizmente não sou à prova de som nem de amor...de amor...
de amor...de amor....de amor... de amor... de amor... de amor... de amor
Gostaria de começar dizendo que, tenho grande admiração pela ironia do camarada Belchior. Pra quem começa falando: nesta terra de doutores, magníficos reitores. Ou seja, estamos rodeados de pessoas ilustres ( não se sabe se isso é bom ou ruim), entretanto, fica claro que é priorizada a comédia.
Dai em diante, categórico como sempre, o autor nos lembra da laicidade em que vivemos onde ao invés do bem comum, o que inspira as autoridades é, nada mais nada menos que a pomba do espírito santo. (Sim! aquele pássaro que transmite inúmeras doenças), de modo que percebemos que o racional, como preferiria o Weber, não tem muita vez, no que diz respeito à assuntos racionais mas, andemos!
Adiante, levando em conta o tempo em que essa música foi escrita, pós-ditadura, enchergamos traços dessa temporalidade, onde: Tão comum e tirar-se daqui, pois era normal o exílio daqueles que eram contrários às vontades comuns. E conclui que tiraria o chapeu (afinal seria no minimo obrigado, caso não quisesse...) Aos cidadãos respeitáveis, donos de nossas vidas, pais e patrões do país. Mas em vez tiro o lenço... Não para enxugar, portuguesmente, a saudade... Mas pra saudar num Ciao! Quem me expulsa de casa! Dar um “viva, excelência!” E tapar o nariz!.
Tapar o nariz, expressão bem conhecida ainda hoje pelas novas gerações, que as vezes se apresenta também como, terminar em pizza etc. E ainda omitir, esquecer, deixar pra lá, afinal " já passou, já passou quem sabe outro dia...'', mas isso é de outra música, deixaremos ela para o momento dela.
Voltando ao Belchior, como ele mesmo fala, ou falou, ainda era necessário dar um viva à quem os expulsava. (ê Brasilsão.) Voltando a ironia que, nesse caso enxergo um dualismo: Não, não quero contar vantagem mas já passei fome com muita elegância. E uns caras estranhos - ordens superiores! Já invadiram minha casa... Mas com muito respeito! Diabo de profissão! Ganhar com o suor de meu gosto o bendito pão e o gim das crianças! Noblesse oblige! Eu talvez seja o cara que você ama odiar, inimigo do peito!, ainda na normalidade da impessoalidade, ou seja, seu direito só era garantido mediante sua submissão. E só pra constar, adoro essa ultima frase.
Cá em casa quem morre se torna querido, tido e havido por justo e inocente. Mas pode ir tirando o cavalo da chuva que eu não vou nessa de morrer só para agradar vocês. A boa e velha martirização, que bom que, como ele mesmo diz, não entrou nessa, preferiu o sangue nas veias à fama sem sangue.
Dentre fatos de capital, mercado encontrados na música, exprimindo o que era e é comum ao cotidiano, acho interessante esse trecho: Kitsch elegante que te mente elegantemente! O Kitsch, como uma imitação de obras, feitas em larga escala para agradar classes que não tem acesso as reais obras, [mecanismos do capital] (que o digam as aulas de Orivaldo.) E dai em diante, exprimisse um leve tom de romantismo, talvez, o que faça o compositor sentir-se melhor frente à tudo "que acontece em nosso tempo e lugar".
Pois, Pois... sinto-me retornando...
E por hora ficarei por aqui...
No mais.. Inté quando dé...
SENSACIONAL!!!
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